Considerações sobre o estudo do Home Office

Fazer parte do trabalho remunerado em casa pode até ser algo frequente na vida de muitos dos nossos seguidores, mas não como regra. Isso é o que mostra o levantamento realizado entre os dias 8 e 10 de agosto de 2020 junto aos seguidores das mídias sociais da Idea Brasil.

Neste levantamento, 48% dos pesquisados disseram que nunca trabalhavam em casa até o mês de março de 2020 e outros 35% afirmaram que trabalhavam pouco, ou seja, a menor parte da carga horária semanal.

Já durante o mês de junho de 2020, considerado o período de pico de contaminação por Covid-19 na cidade de São Paulo, 2/3 dos pesquisados afirmaram ter trabalhado em período integral em casa, enquanto 21% disseram ter trabalhado a maior parte do tempo em regime Home Office.

Ainda que a adaptação ao Home Office tenha ocorrido rapidamente, de acordo com 70% da amostra, parte deles ainda prefere voltar à rotina anterior.

No total de pesquisados trabalhando em casa, 66% afirma querer continuar na modalidade, enquanto 34% pretende voltar ao trabalho em ambiente comercial ou corporativo.

A adaptação à nova rotina apresentou algum obstáculo, de acordo com 95% dos seguidores pesquisados. Tanto questões tecnológicas quanto práticas do dia a dia foram percebidas como incômodas.

Certamente o ambiente residencial não é montado, na maioria das vezes, com o olhar voltado ao trabalho. Por isso, questões tecnológicas – como a disponibilidade de equipamentos e serviços suficientes para a rotina de toda a família – e questões práticas, como a falta de espaço para que tudo isso ocorra, foram se mostrando dificuldades de maior peso na adaptação ao regime implantado no período de distanciamento social.

Ficou evidente, também, que o isolamento das famílias em ambiente residencial trouxe um novo componente desafiador: os ruídos internos (da própria família em casa) e externos (vindo de vizinhos, principalmente).

Para quase 2/3 dos pesquisados tais ruídos foram incômodos presentes no momento de adaptação. Importante mencionar, aqui, que a adaptação ocorreu não só para aqueles que passaram a trabalhar em casa, mas para todos os moradores do domicílio. Seria esperado uma situação generalizada de ruídos quando se consideram diferentes faixas etárias se adaptando a diferentes propósitos num momento de pouca perspectiva de volta ao normal.

A tecnologia em momento de adaptação de nova rotina

A tecnologia, apesar de presente na vida de todos, nunca teve tanta importância quanto no período iniciado na última semana de março de 2020.

Da noite para o dia as famílias descobriram a necessidade de equipamentos que atendessem a todos no domicílio, muitas vezes durante um mesmo período.

Dados de estudo da consultoria GFK de abril de 2020 mostram aumento de 85% na compra de notebooks em comparação ao mesmo período de 2019. Entre os nossos pesquisados, 14% afirmou que os equipamentos eletrônicos se apresentaram como uma dificuldade na adaptação ao novo regime de trabalho.

Mas as reuniões online, participações em Lives, acesso remoto às redes corporativas aliadas às demais necessidades da família, também causaram problemas de conexão. 38% dos nossos seguidores que migraram para o Home Office citaram problemas de conexão como um dos obstáculos de adaptação ao novo regime.

De acordo com a Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações – no primeiro semestre de 2020 foram registradas quase 394 mil reclamações por problemas de conexão, um aumento de 31,8% em relação ao mesmo período de 2019.

A adaptação da residência ao ambiente de trabalho

Outro aspecto que gerou dificuldades entre as pessoas que migraram para o Home Office foi a adaptação de ambientes. Para nossos pesquisados a adaptação do espaço no imóvel atual foi bastante importante, mencionado por ¼ dos respondentes, além da adequação do mobiliário, citado por 13%.

Em estudo divulgado em junho/2020 pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – as projeções apontam para 22,7% das ocupações existentes no Brasil com potencial de migração para Home Office. Isso indicaria uma incidência de quase 20 milhões de pessoas trabalhando em regime Home Office no país, no caso de confirmação das tendências.

Um dos impactos dessa mudança está na adaptação do mobiliário doméstico à nova rotina. Desde o início do período de distanciamento social as vendas de cadeiras, escrivaninhas e outros itens de escritório apresentaram grande alta.

A rede Tok&Stok informou crescimento de 228% na venda de escrivaninhas e 130% na venda de estantes entre março e maio de 2020, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Nas lojas Etna as vendas de produtos para Home Office triplicaram no segundo trimestre de 2020 em relação ao trimestre anterior. Já no Mercado Livre, de março a junho de 2020 a venda de cadeiras de escritório cresceu 1.362% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Como quase tudo na vida, trabalhar em casa tem seus pontos positivos e negativos:

Numa análise racional dos fatos, 75% dos pesquisados apontam questões relacionadas à locomoção e 30% indicam como pontos positivos referências à autonomia e flexibilidade de horários. Além disso, outras menções podem ser caracterizadas como aspectos racionais, tais como menor custo de vida e maior produtividade no trabalho.

No que se refere a condições emocionais, destacam-se como pontos positivos a relação com a família, sobretudo a maior convivência (citato por 24% da amostra) e a qualidade de vida (22% dos pesquisados).

Itens como concentração, conforto e sensação de segurança também podem ser inseridos no rol dos aspectos positivos emocionais do trabalho em casa.

Por outro lado, trabalhar em ambiente doméstico tem seus pontos negativos e na nossa amostra o principal deles é a falta de interação com outras pessoas, desde os momentos de networking aos períodos descontraídos “no cafezinho”.

As tarefas domésticas aparecem em segundo lugar no ranking das reclamações, seguido pela falta de privacidade e concentração e pela dificuldade em manter uma disciplina.

Ainda vem por aí:

A amostra pesquisada revela algumas particularidades que serão abordadas nas nossas próximas publicações, tais como o impacto do perfil etário na adaptação ao novo regime e às tecnologias, como a experiência prévia em Home Office na adaptação ao novo cenário.

Apesar da maior disponibilidade de equipamentos de informática, os mais novos foram os que mais reclamaram de questões de tecnologia, sobretudo da qualidade dos serviços de Internet e telefonia. Eles também são os que menos apresentam experiência prévia com o trabalho em ambiente residencial.

Já os mais velhos fazem parte da fatia que menos reclama dos serviços tecnológicos, menos apontam incômodos na adaptação, porém são aqueles com maior expectativa no retorno às atividades em ambiente comercial.

Nas próximas divulgações traremos mais detalhes sobre as diferenças nos perfis, bem como dicas para melhor adaptação do seu local de trabalho. Fiquem ligados!

Por Mauro Veçoso – Sócio fundador e Head de eficiência na Idea Brasil

Mais Informações

Entre em contato